Saúde

YOGA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A SAUDE


Cada vez mais, cientistas ligados à área da saúde física e mental estudam as técnicas do Yoga, buscando uma maior compreensão de seus fundamentos e impacto no corpo e na mente do praticante.

Ramacharaca (1973) apresenta que a Filosofia Yogue ensina que Deus dá a cada indivíduo uma máquina física adaptada às suas necessidades e que também o provê dos meios de mantê-la em ordem e repará-la, se a sua negligência permitir que chegue a entorpecer-se.

Leite (1999) nos apresenta que para atuar adequadamente no social é desejável que as atividades de lazer desenvolvidas pelas pessoas possam promover seu aprimoramento, no que se refere às habilidades físicas, mentais e emocionais, bem como, em relação aos valores éticos e de consciência social.

Afirma ainda que dentre as atividades de lazer que visam ao aprimoramento do ser humano, destaca-se o yoga, o qual contém princípios estimuladores de transformação, mudanças e autocontrole.

Já para Iyengar (2001) o yoga trabalha cada indivíduo para que ele cresça e melhore, física, mental, emocional e espiritualmente. Destina-se a toda a humanidade.

Fernandes (1994) afirma que o yoga é um método de experimentação científica que estuda o corpo humano e suas reações, o que pode ser comprovado por instrumental técnico-científico adequado e que através de sua prática é possível manipular o corpo humano, utilizando-se apenas de suas potencialidades, chegando a resultados que a Medicina convencional só logra alcançar através de aparelhos.

Apesar de o yoga não ser uma medicina, se ajusta perfeitamente a diversos casos patológicos, melhorando e mesmo curando o indivíduo a qual Fernandes (1994) afirma que o Yoga age como uma terapia de prevenção e de cura.

Silva (2005) apresenta que o primeiro estudo laboratorial investigando aspectos fisiológicos das técnicas do Yoga foi publicado por Kuvalayananda em 1924, do qual a proposta foi investigar barometricamente os efeitos da técnica chamada “basti”, através da qual se faz a sucção de água para o intestina via anal, levando-o a desmistificar que tal capacidade se devia a um suposto poder mágico dos yoguis, mas sim que a elevada posição do diafragma juntamente com o isolamento do reto abdominal aumenta o volume e reduz a pressão na cavidade abdominal, o que se reflete na sucçào de água para o cólon, dentre os quais podem ser destacados:
• a constatação de que a pressão arterial sobe durante a realizaçào de algumas posturas de Yoga, chamadas “Sarvangâsana” e “Matsyâsana” e que pode voltar a cair após mais de três minutos de permanência nestas posturas em função de uma possível adaptação às mesmas.
• A constatação radiológica de que a caixa torácica se expande em apnéia na execução da técnica denominada “uddiyana bandha”, evidenciando o alto grau de controle corporal dos praticantes.
• A constatação de que a producão e consequente eliminação de gás carbônico durante a execução de técnicas respiratórias de Yoga tende a diminuir, indicando redução do gasto energético e da atividade orgânica nestas condições.

Indicando que, a partir de então, outros estudiosos começaram a buscar a compreensão científica das técnicas de Yoga, dentro os quais se destacaram Vinekar, Anand, Dwarkanath, Yogendra, Karambelkar, Bhole, Gharote, entre outros, afirmando ainda que Kuvalayananda concebeu o termo Yogaterapia para designar a aplicação das técnicas de Yoga com finalidades terapêuticas, sendo fundamental destacar que este conceito não surge em nenhum texto tradicional anterior.

A utilização do Yoga como terapia foi registrada em diversos artigos publicados em países como Índia, França e Rússia. Segundo Fernandes (1994) cita-se: A reabilitação dos Asmáticos pelos Métodos do Yoga de autoria do Diretor de Pesquisas Científicas do Colégio de Yoga, Dr. M.V.Bhole; “Jnâna Yoga-Terapia para Doenças Psicossomáticas Crônicas e Doenças Mentais” do Prof. Udhav A. Asrani, ex-professor de Física a Universidae de Bombaim e da Universidade Hindu de Benares.

A autora menciona ainda, que no Instituto de Yoga de Santa Cruz em Bombaim existem alguns trabalhos como “A Úlcera Péptica e Yoga”, “Yoga Ajuda a Curar Amnésia”, na França Margaret Darst Corbertt divulgou seu trabalho intitulado “Yoga dos Olhos” e na Rússia o instrutor de Yoga B. Smirnov desenvolveu um trabalho voltado para a terceira idade procurando novos rumos para os estudos das doenças respiratórias dos idosos. Desde 1978 na Russía foi introduzido no Hospital No.08, em Moscou, um tratamento através de Asana e Pranayama para a cura de 20.000 pessoas.

Francina (2005) apresenta que muitos benefícios distinguem o yoga de outras formas de exercício físico, como o efeito que as posturas de yoga e a prática da respiração exercem não só sobre os músculos e os ossos do corpo, mas também sobre os orgão e as suas glândulas.

A autora coloca que a prática regular de todas as modalidades de posicões – em pé, sentada, deitada, reclinada, invertida (de cabeça para baixo), com flexao para a frente e com torção – estimula e ativa todas as glânulas, órgãos, tecidos e células do corpo.

No livro Saúde Plena com Yogaterapia, Hermógenes (2005 p. 256-263) apresenta vários depoimentos de profissionais de medicina e psicologia que atestam o poder terapêutico do Yoga para diversos males. Transfiro abaixo trechos e depoimentos:

 José Alvarez Lópes
Hoje podemos afirmar, com ênfase, não ser concebível a existência de um homem biologicamente sadio sem o conhecimento do Yoga. […] 

 Wladimir Lindenberg:
[…] graças ao Yoga, com influência em diversos estados mórbidos, além de seu enorme valor profilático, possibilitando, graças às posturas (ásanas), aos exercícios respiratórios, de meditação e outros, previnir ama série de distúrbios do organismo […] 

 Dr. Galdino Loreto
Fui levado a indicar Yoga a meus clientes depois que alguns deles vinham apresentando problemas diversos[…] o Yoga é eficiente em todos os quadros em que há um componente psicossomático muito acentuado, onde a angústia se somatiza de maneira diferente […] 

Silva (2009) escreve que o termo Yogaterapia surgiu quando as técnica do Yoga passaram a ser utilizadas para o tratamento de várias doenças. Concordo com Fernandes (1994) quando alerta sobre o uso do Yoga como terapia, a qual menciona que o uso seguro das técnicas do Yoga no tratamento de doenças requer um diagnóstico e tratamento compartilhado entre médico e professor de Yoga visando uma análise fidedigna dos resultados alcançados com a prática.

Iyengar (2007) apresenta que, por meio do yoga, pode-se desenvolver um equilíbrio perfeito entre os dois lados do corpo. Todos nós começamos em desequilíbrio, favorecendo um ou outro lado. Quando um lado está mais ativo que o outro, o lado ativo deve atuar como guru do lado inativo para que este se torne igualmente ativo.

Progressivamente cresce o interesse das pessoas, dos médicos, psicólogos e até da mídia pelo Yogadevido sua contribuição a saúde física e mental.

Ilustrando esse interesse, no mês de junho de 2011, a Revista Isto É, edição n° 2169 apresentou uma matéria sobre o Yoga com o título: Todo o poder da ioga. A matéria fala do respeito que o Yoga vem conquistando atualmente e da sua contribuição no tratamento de diversas doenças.


FIGURA 1: REVISTA ISTO É, Impacto do Yoga no Organismo, 2011

Mohan (2006) corrobora com a informação contida na Figura 1, mencionando que o Yoga promove o equilíbrio do corpo e da mente, melhora do funcionamento dos sistemas orgânicos; força, flexibilidade, alinhamento da coluna e coordenação neuromuscular, bem-estar fisiológico e psicológico.

E neste sentido, Packer (2008 p. 340) cita Patanjali, o qual afirma:

a) Yoga Sûtra II-16: A dor que ainda não veio pode e deve ser evitada.

b) Yoga Sûtra II-26: A prática ininterrupta do percebimento do Real é o meio de destruir Avidya, a ignorância.

c) Yoga Sûtra II-33: Quando a mente é perturbada por pensamentos impróprios, a constante ponderação sobre os opostos é o remédio.

d) Yoga Sûtra I-33: Alcança-se a tranqüilidade imperturbável da mente mediante o cultivo da: afabilidade para com os felizes; compaixão para com os infelizes; prazer face ao virtuoso; imperturbabilidade diante dos erros dos outros.

Reforçando que o Yoga está muito bem alicerçado na visão holística do ser e tem a saúde física e mental como sua meta. Toda doença é apenas um reflexo do desequilíbrio interno, e no momento em que estabelecemos este equilíbrio a saúde retorna, a autora descreve que esta separação é a base das doenças que levam ao sofrimento e se dão em cinco níveis, sendo:
1. Nível Físico – a não percepção do corpo (necessidades e fraquezas).
2. Nível de Energia – não-percebimento da respiração e seus ritmos.
3. Nível Emocional – falta de percepção dos sentimentos e emoções.
4. Nível Mental – deixar-se dominar pelos padrões mentais.
5. Nível Espiritual – não reconhecer a presença do Ser Interior.

Em Silva (2009) são enumeradas as contribuições do Yoga na qualidade de vida do praticante, entre eles: disciplina para organização da vida diária; equilíbrio psicofísico; flexibilidade psicofísica; vitalidade; vigor e prevenção ou tratamento de problemas de saúde, o qual afirma ainda que O yoga pode ser aplicado para quaisquer pessoas em quaisquer condições, inclusive nas fases extremas da vida, porém cuidados especiais se fazem necessários para aplicar estas técnicas e adaptá-las dadas as características particulares destes grupos.

Silva (2005) afirma que o termo Yoga pode ser empregado tanto para referir-se à técnica da unificação da consciência, e que por mais que milhões de pessoas estejam praticando Yoga, não está querendo dizer que todos estes estão vivenciando a plena cessação dos turbilhões da mente, mas sim que estão praticando algumas técnicas originalmente concebidas para se conduzir a este fim, afirmando ainda que dificilmente alguns destes adeptos chegará ao objetivo último do Yoga, mas que o empenho em realizar algumas práticas de forma bem orientada pode trazer inúmeros benefícios.

Para Hermógenes (2010) o Yoga propicia admiráveis recuperações em nível orgânico e ainda mais valiosas que estas, são as melhoras em níveis ético, intelectual e espiritual e que está ajudando milhares de pessoas a ter saúde, paz, criatividade, alegria e felicidade.

Afirma ainda que o Yoga, além de resgatar e manter a saúde, propicia amplificação, aprofundamento e maior eficácia em nos mais diversos campos de atividade profissional oferecendo ao seu praticante persistente uma melhora na qualidade do trabalho, defesa contra a fadiga e estresse e muito mais e que o Hatha-Yoga é muito superior a qualquer sistema de cultura física, pelo seu caráter progressivo e pelo encadeamento científico dos exercícios, o que evita a fadiga.

Referências

FERNANDES, N. Yoga Terapia. O caminho da saúde física e mental. São Paulo: Ground, 1994
FRANCINA, S. Yoga e a sabedoria da menopausa: um guia para a saúde física, emocional e espiritual na meia-idade. São Paulo: Pensamento, 2005.
HERMÓGENES, J. H. A. F. Saúde Plena com Yogaterapia. 5ª ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 2005.
HERMÓGENES, J. H. A. F. Autoperfeição com Hatha Yoga. 50 ª ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 2010.
IYENGAR, B. K. S. A Arvore do Ioga. 4° ed. São Paulo: Globo, 2001.
IYENGAR, B. K. S. Luz na Vida. São Paulo: Summus, 2007.
LEITE, M. R. R. Estudo dos padrões do movimento respiratório e do comportamento cardiovascular em mulheres idosas práticantes de yoga. Dissertação (mestrado) Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física. Campinas, SP. 1999.
MOHAN, A. G.; MOHAN, I. A terapia do Yoga. São Paulo: Pensamento, 2006.
PACKER, M. L. G. A senda do Yoga. Filosofia, prática e terapêutica. Brasília: Teosófica, 2008.
RAMACHARACA, Y. Hatha-Yoga ou filosofia yogue do bem-estar fisico. São Paulo: Pensamento, 1973.
SILVA, G. D. Efeitos do yoga com e sem a aplicação da massagem tui na em pacientes com fibromialgia. Dissertação (Mestrado) Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo: São Paulo, 2005.
SILVA, G. D. A. Curso básico de Yoga: teórico-prático. 2ª ed. São Paulo: Phorte, 2009.